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O Anúncio do Evangelho a toda a criação

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Correggio, Ascensione, San Giovanni, Parma, 1520-1524.
Correggio, Ascensione, San Giovanni, Parma, 1520-1524.
Ascensão do Senhor, ano B, 17 maio 2015
Mc 16,15-20
Reflexão sobre o Evangelho por Enzo Bianchi

 

Naquele tempo,
Jesus apareceu aos Doze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo
e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo; mas quem não acreditar será condenado.
Eis os milagres que acompanharão os que acreditarem: expulsarão os demónios em meu nome; falarão novas línguas;
se pegarem em serpentes ou beberem veneno, não sofrerão nenhum mal; e quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados».
E assim o Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus.
Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam.

O trecho do Evangelho que a Igreja nos propõe para a Solenidade da Ascensão do Senhor é extraído da conclusão que foi acrescentada mais tarde pelos “scribi cristiani” ao Evangelho de S. Marcos  e que o concluíram de uma forma menos brusca que a original (cf. Mc 16,1-8). São versículos que não se encontram nos manuscritos mais antigos e que não eram conhecidos de muitos Padres da Igreja. Porém, a Igreja recebeu-os como contendo a Palavra de Deus, tal como o resto do Evangelho e são, de facto, conformes às Escrituras  (secundum Scripturas: 1Cor 15,3.4); constituem mesmo uma síntese do fim dos outros Evangelhos (sobretudo dos sinóticos), que contam os acontecimentos de Jesus ressuscitado, subido aos céus e glorificado pelo Pai.

Segundo esta conclusão, Jesus apareceu aos doze sem Judas, aos onze portanto, enquanto estavam à mesa. Apareceu àqueles que, chamados por Jesus para O seguirem, tinham estado envolvidos na sua vida e tinham sido por Ele ensinados durante pelo menos três anos e que, na madrugada da Páscoa, tinham escutado de Maria de Magdala o anúncio da ressurreição de Jesus (cf. Mc 16,9-10), mas não acreditaram (epístesan: Mc 16,11); também os dois discípulos de Emaús tinham contado como é que o Ressuscitado se lhes havia manifestado no caminho (cf. Mc 16,12-13), “mas também não acreditaram (epísteusan) neles” (v. 13). Por isso, quando Jesus “Apareceu, finalmente, aos próprios Onze quando estavam à mesa, ... censurou-lhes a incredulidade (apistía) e a dureza de coração(sklerokardía) em não acreditarem (epísteusan) naqueles que o tinham visto ressuscitado" (Mc 16,14).

Esta é a verdade, dita também na Igreja (como se prova neste texto) quando não era ainda dominante o triunfalismo e a adulação das Autoridades. Os Onze foram tomados pela dúvida, foram incrédulos depois da morte de Jesus como tinham sido durante a sua vida levando-O a dizer à sua comunidade: “Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração endurecido? tendes olhos e não vedes, tendes ouvidos e não ouvis?” (Mc 8,17-18). Situação desesperante esta, a das futuras testemunhas, invadidas pela incredulidade! Como poderão então anunciar a Boa-Nova se nem eles creem? Neste autismo - note-se - depois das chamadas de atenção, Jesus não dá sinais para levar os seus discípulos a crer, como tinha feito mostrando as chagas nas mãos e nos pés (cf. Lc 24,39-40) ou o peito (cf. Jo 20,20.27)…

Mas, apesar da persistência da pouca fé, Jesus envia-os numa missão sem limites, verdadeiramente universal; uma missão cósmica, poderia também dizer-se: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura”. Onde quer que vão, em todas as terras e culturas, os discípulos de Jesus devem anunciar a Boa Nova que o Evangelho de Jesus é. Não existem mais as barreiras do povo eleito de Israel, não existem mais os limites da Terra Santa. Diante daqueles pobres e titubeantes discípulos está toda a criação!  O Evangelho não pode ser confinado a um povo, a uma cultura ou a um modo religioso de viver a fé no Deus único e verdadeiro. Os enviados devem deixar para trás a sua terra, a sua família, os seus laços e a sua cultura para se focarem em novas terras e novas culturas nas quais o simples Evangelho pode ser semeado e dar frutos abundantes.

O que é pedido é um trabalho de despojamento muito mais exigente do que o abandono dos meios económicos. Trata-se de abandonar as certezas, as muletas intelectuais, os preceitos religiosos praticados e deixar emergir-se noutras culturas. Para isto é preciso fé no Evangelho, no seu “poder divino” (dýnamis theoû: Rm 1,16), e deixar de confiar em efabulações e projetos culturais pessoais. Quanto mais despojados estivermos mais o Evangelho é anunciado com franqueza e, como semente não revestida caída na terra, germina depressa e facilmente. Quanto erros cometemos na Evangelização confiando nos nossos meios, nas nossas "ideologias" e, em paralelo, desprezando as culturas dos outros, que tantas vezes mortificámos e destruímos para impor a nossa! A esterilidade da semente do Evangelho, sobretudo na Ásia, onde existiam culturas que podiam competir com a nossa, é um sinal evidente dos erros feitos. O Evangelho caiu na terra como uma semente má, sendo uma semente muito revestida, por nossa culpa, não pode morrer, nem consequentemente, germinar.  

Eis o dever dos cristãos: sem qualquer febre “proselitista”, sem procurar ganhar crentes a qualquer custo percorrendo mares e terras como os fariseus (cf. Mt 23,15). Onde quer que se encontrem, os cristãos anunciam o Evangelho, antes de tudo, com a vida; depois, se Deus o conceder, com as Palavras. São palavras de Francisco de Assis, repetidas pelo Papa Francisco... Jesus não pede para convencermos ou para impormos, mas para vivermos o Evangelho com alegria porque é este o verdadeiro testemunho. Hoje há muitos líderes cristãos que passam de palco em palco "para darem testemunho", acabando a contar a história do seu movimento ou da sua comunidade. Devemos envergonharmo-nos por chamarmos a isso “testemunho”; devemos envergonharmo-nos por uma tal contrafação do Evangelho! São melhores aqueles cristãos inseguros, talvez como os Onze, que tentam todos os dias, de forma simples e humilde, ser cristãos no sítio em que se encontram, vivendo o Evangelho e amando Jesus Cristo acima de tudo e de todos. É destes cristãos que precisamos, de discípulos e discípulas, não de militantes!

Jesus, subido aos céus, não nos abandonou, mas vivendo na glória de Deus deixou-nos, pobres homens e mulheres, para darmos ao mundo sinais de que Ele ressuscitou e está vivo, que trabalha connosco e confirma a nossa pobre Palavra com a Palavra poderosa do Evangelho e com sinais de que está operante.