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Jesus, o homem que apenas Deus nos podia dar

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21 dezembro
IV domingo do Advento, ano B
Reflexão sobre o Evangelho por ENZO BIANCHI

 

Gerard Richter, Annunciazione secondo Tiziano, 1968

Lc 1,26-38

Naquele tempo,
o Anjo Gabriel foi enviado por Deus
a uma cidade da Galileia chamada Nazaré,
a uma Virgem desposada com um homem chamado José.
O nome da Virgem era Maria.
Tendo entrado onde ela estava, disse o Anjo:
«Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo;
bendita és tu entre as mulheres».
Ela ficou perturbada com estas palavras
e pensava que saudação seria aquela.
Disse-lhe o Anjo: «Não temas, Maria,
porque encontraste graça diante de Deus.
Conceberás e darás à luz um Filho,
a quem porás o nome de Jesus.
Ele será grande e chamar-Se-á Filho do Altíssimo.
O Senhor Deus Lhe dará o trono de seu pai David;
e o seu reinado não terá fim».
Maria disse ao Anjo:
«Como será isto, se eu não conheço homem?»
O Anjo respondeu-lhe:
«O Espírito Santo virá sobre ti
e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.
Por isso o Santo que vai nascer será chamado Filho de Deus.
E a tua parenta Isabel concebeu também um filho na sua velhice
porque a Deus nada é impossível».
Maria disse então:
«Eis a escrava do Senhor;
faça-se em mim segundo a tua palavra».

O quarto domingo do Advento que calha sempre nos oito dias que precedem a memória do nascimento de Jesus, narra-nos a ação de Deus sobre uma mulher, Maria de Nazaré. De facto "O Todo-poderoso fez em mim maravilhas" (cf. Lc 1,49)!

Numa terra nos confins da Palestina, numa aldeia insignificante, numa casa simples e desconhecida, numa família comum, realiza-se o mistério da humanização de Deus: Deus, o eterno, faz-se mortal; Deus, o forte, faz-se fraco; Deus, o celeste, faz-se terrestre. O apóstolo Paulo ao narrar este acontecimento da fé cristã, jamais professada por Hebreus e Gregos, dirá "...esvaziou-se a si mesmo, tomando a condição de servo. Tornando-se semelhante aos homens" (cf. Fil 2,6-7).

Este acontecimento inaudito e impossível a nós humanos, aconteceu porque "a Deus tudo é possível". Mas como contá-lo? A verdade é que um homem como Jesus, o Filho de Deus feito carne, só nos podia ser dado por Deus. Não podia ser fruto de uma vontade humana, não podia ser gerado apenas da humanidade, não podia ser simplesmente o filho de um casal humano. Para revelar a verdade profunda deste acontecimento, para lá do que era visível aos olhos dos nazarenos, era necessário uma narração que procurasse dizer-nos como Deus interveio e agiu, como Jesus é um dom que apenas Deus nos podia dar. A uma jovem hebreia, chamada Maria, Deus olha com amor, até senti-la e proclamá-la como "amada", "cheia e transformada pela sua graça, pelo seu amor". Deus faz-lhe sentir a sua presença, a sua proximidade, faz-lhe sentir que "está com ela" e por isso Maria deve alegrar-se. De resto, Deus-connosco, Immanuel (Is 7,14; Mt. 1,23), não será, talvez, um dos nomes de Deus?!

Maria era uma mulher de fé, que esperava a ação e a presença de Deus e, por isso mesmo, na relação com o seu Senhor não tinha qualquer pretensão ou ostentava méritos. É surpreendida, fica assustada e maravilhada por esta graça de Deus que invade o seu quotidiano. Maria sabe escutar a voz do Senhor que lhe pede que não tema e que tenha fé. O Filho que conceberá deverá chamar-se Jesus, Jeshu‘a, “o Senhor salva”, para que seja reconhecido na sua verdadeira identidade de Filho do Altíssimo, descendente de David e portanto o Messias.

Maria confessa, no entanto, “eu não conheço o homem!”, reconhecendo a impossibilidade humana de dar à luz um filho naquela condição. Nela existe apenas um vazio, mais radical do que o de uma mulher de idade e estéril como a sua prima Isabel (cf. Lc. 1,18.36), um vazio do qual não pode esperar geração. Mas o Senhor Deus, em todo o seu poder, faz coisas grandes: será uma nova criação! Como o Espírito do Senhor se moveu sobre a superfície das águas no in-principio, para gerar a vida (cf. Gen. 1,2), assim o mesmo Espírito desce sobre Maria, e a sua Shekinah - a sua Presença que a cobre como uma sombra - torna possível que a Palavra de Deus se faça carne (cf. Jo. 1,14) e que o vazio se torne a "morada" em que Deus se encontra com o homem gerando o seu Filho, qual "Filho nascido de uma mulher"(Gal. 4,4).

Eis o mistério da Encarnação, diante do qual se pode, apenas, adorar, contemplar e dar graças. Só Deus nos podia dar um homem como Jesus e a este dom, Maria, a mulher de Nazaré que Deus escolheu fazendo-a objeto da sua graça, da sua benevolência e do seu amor gratuito, respondeu com um "Ámen", um sim disponível.