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Nascimento de S. João Batista


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domingo 24 junho 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
João, cujo nome significa “o Senhor faz-se Graça”, é filho da velhice e filho da Graça. A velhice dos pais e a esterilidade da mãe são o leito da impossibilidade em que se desenvolve a Graça do Senhor e a sua misericórdia:"Os seus vizinhos e e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela." (Lc. 1, 58)
       

domingo 24 junho 2012

Ano B

Is 49,1-6; Sal 138; Act 13,22-26; Lc 1,57-66.80

O nascimento de João Batista ilumina os outros textos bíblicos: o texto de Isaías torna-se profecia (“E agora o Senhor declara-me que me formou desde o ventre materno, para ser seu servo,...": Is 49,5), enquanto o trecho dos Actos é uma síntese do ministério de João e remete para o seu "novo nascimento", se assim podemos chamar ao seu apagamento para que o Messias, de que ele é o precursor, "possa crescer" (cf. Act 13,25). A importância capital de João na economia cristã está patente no facto que apenas dele e de Maria (para além, obviamente, de Jesus) a Igreja celebra liturgicamente o nascimento.

João, cujo nome significa “o Senhor faz-se Graça”, é filho da velhice e filho da Graça. A velhice dos pais e a esterilidade da mãe são o leito da impossibilidade em que se desenvolve a Graça e a misericórdia do Senhor:"Os seus vizinhos e e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela."(Lc 1,58). João, com a sua vinda ao mundo, narra a misericórdia de Deus aos seus pais: o seu nascimento é para Zacarias e Isabel um dom inesperado que ultrapassa todas as esperas e previsões. E a experiência da Graça, quando habitamos a impotência e a impossibilidade, infunde coragem. A coragem com que Isabel, contra as tradições familiares e práticas sociais, dá o nome de "João" à criança e com que Zacarias apoia a mulher enfrentando as contestações dos parentes. De onde vem a coragem daquela velha senhora a que todos chamavam "estéril" (Lc 1,36) e a lucidez amorosa do velho sacerdote silenciado? Talvez seja a coragem que nasce quando se vence a tribulação, por se ter sido humilhado e posto à prova, chegando a conhecer aquilo que na vida de fé é verdadeiramente essencial: a misericórdia de Deus.

Os pais de João são Homens que a vida fez pobres e humildes: são "pobres por si", "pobres de espírito", isto é pessoas livres que não têm um ego para defender, que sabem ver a realidade e ver-se a si próprios com olhos simples e com um olhar puro, não inquinado. Esta lição do essencial, daquilo que é verdadeiramente precioso, é muitas vezes aprendida por aqueles que conheceram o cansaço, a dureza da vida e a suportaram com paciência. E conhecer o essencial dá parresia e força, capacidade para afrontar com liberdade e coragem obstáculos, contestações e desconfianças.


  

João é também filho da fé demonstrada. Isabel e Zacarias eram “justos diante de Deus” (Lc 1,6) e  permaneceram justos no meio das tribulações. Nós pensamos naturalmente que tenha sido difícil para eles discernir a justiça de Deus: a razão daquela esterilidade? a razão daquela velhice sem futuro? João é também o filho desta fé perseverante, desta fidelidade que nos pode parecer um pouco louca ou heróica, mas que para ambos os pais era apenas o caminho que deveria ser precorrido sem histórias nem lamentações, sem acusações contra Deus ou contra a injustiças da vida.

É certo que Zacarias conheceu altos e baixos na fé: nele o mutismo e o uso da palavra acompanham respetivamente a incredulidade e a fé (cf. Lc 1,18-20; Lc 1,63-64). Impossibilitado de bendizer o povo no final da liturgia no Templo (cf. Lc 1,22), ele bendiz Deus tendo reconhecido a sua intervençao (cf. Lc 1,64). Crer na intervenção abençoada de Deus na miséria da própria vida, é a condição para transmitir aos outros a benção de Deus.

Na relação pais - filhos, gerar implica também dar o nome. E dar o nome é fazer uma promessa e atribuir uma tarefa: tu viverás a tua vida, viverás no teu nome, realizarás a tua unicidade. Dar o nome é exercer um poder e uma autoridade dispondo-se a despojar-se dessa autoridade e desse poder.

Se João vai crescer no deserto (Lc 1,80) e no deserto desenvolverá o seu ministério e a sua pregação anunciando a eminência do Reino e a visita de Deus, ele era já filho da intervenção de Deus no deserto simbólico da velhice e da esterilidade dos seus pais. E como os seus pais souberam aprender o essencial do que sofreram, também ele saberá discernir e mostrar o essencial aos seus contemporâneos indicando o Messias em Jesus de Nazaré.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero

Pentecostes


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27 maio 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
Como Paraclito (“Consolador” como diz a tradução italiana), o Espírito é consolação, assistência na luta que o crente tem de enfrentar no mundo

Ano B

Act 2,1-11; Sal 103; Gal 5,16-25; Jo 15,26-27; 16,12-15

O Pentecostes é a plenitude da Páscoa, celebra o dom do Espírito, celebra aquilo que Deus já operou em Jesus de Nazaré e evoca o que "ainda" não é, ou seja, a extensão universal e cósmica das energias de vida e de salvação colocadas por Deus na ressurreição de Jesus. O Pentecostes é simultaneamente celebração e invocação.

A primeira leitura mostra o Espírito como dom do alto que torna os discípulos capazes de anunciar as grandes ações de Deus nas línguas de todos os homens: o Espírito é capacidade de comunicação que habilita a Igreja a chegar ao Outro através da sua escuta, abertura, cultura e linguagem. Não a imposição da sua própria linguagem à qual o outro se deve sujeitar, mas a abertura às linguagens e às capacidades comunicativas do outro: o Espírito está, assim, na origem de uma missão que é, ao mesmo tempo de inculturação (para chegar ao outro onde ele se encontra) e de respectiva desinculturação (para não anunciar como Evangelho aquilo que é simplesmente cultura). A segunda leitura apresenta os frutos do Espírito: O Espírito invisível é reconhecível pelos frutos que produz no homem que aceita ser Sua morada. O Espírito opera a passagem do homem que é um ser biológico, fechado e autoreferencial (a isto mesmo alude a “carne” de que nos fala Paulo), à relação com os outros e com Deus. Assim, o Espírito plasma o vulto do crente à imagem do de Cristo guiando-o pela estrada da santidade: fruto do Espírirto é o homem santo. O Evangelho revela o Espírito como inspirador do testemunho dos cristãos no mundo e "memória" de Cristo na história.


 

O Espírito suscita o testemunho cristão enquanto memoria do Christus totus. Não apenas das suas palavras, mas também daquilo que Ele não disse: “Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da verdade há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir." (Jo 16,12-13). Há coisas que não foram ditas, um silêncio (de Cristo) de que o Espírito se faz intérprete na história. O Espírito é “memória” de Cristo não no sentido psicológico, mas revelativo: o Espírito torna Cristo presente e atualiza-O, isto é, atualiza a plenitude da revelação de Deus que é palavra e silêncio. O Espírito torna a Igreja capaz de interpretar o Evangelho ao longo da História. A verdadeira reforma da Igreja não é mais do que ser fruto da ação do Espírito. O Espírito está na origem de uma reforma que não é simplesmente biblismo e adesão à Palavra das Escrituras, nem um a-histórico retorno a formas, regras e normas de vida cristã (e vida religiosa) consideradas mais "puras", mais "religiosas", mas apenas fidelidade criativa ao Evangelho.

O Espírito, que articula e que ordena na Igreja, a comunidade e a pessoa, “todos” e “cada um”, os dons e as funções que a enriquecem, ordena também a obediência e a criatividade, a fidelidade e a inovação. E o princípio da fidelidade não está na repetição de fórmulas do passado mas no futuro, no Reino escatológico: “Ele vos guiará à verdade completa”. O Espírito é hermeneuta de Cristo que veio e virá, é antecipação do Reino futuro.
Como Paráclito (“Consolador” como diz a tradução italiana), o Espírito é consolação, assistência na luta que o crente tem de enfrentar no mundo, defesa no processo que o próprio mundo (a mundanidade idolátrica) intenta contra Ele. Mas é também a força que consente ao crente que carregue o peso da palavra de Deus na história: aquelas palavras  que os discípulos não podem “por agora” carregar (Jo 16,12), poderão ser carregadas, logo vividas e testemunhadas, graças ao Espírito Santo que fará delas jugo esmagador, mas suave e leve. Princípio de profecia, o Espírito torna suportável o peso das exigências da Palavra a que o Profeta e a Igreja (ministra e serva da Palavra, logo chamada, também ela a ser profética), são, antes de todos, submetidos.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero


VI Domingo de Páscoa


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13 maio 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
O amor é mandamento porque vem de um Outro e não de nós e porque só um amor feito mandamento consegue amar o inimigo

domingo 13 maio 2012

Ano B
Act 10,25-27.34-35.44-48; Sal 97; 1Jo 4,7-10; Jo 15,9-17

O Deus que não tem preferências por pessoas (I leitura), o Deus que é amor e enviou o seu Filho ao mundo para dar a vida plena aos homens e falar-lhes do seu amor (II leitura), permite que quem crê n'Ele experimente o mistério pascal de amor graças ao Filho que chama os crentes não de "servos" mas de "amigos" (evangelho).

Este domingo prepara os crentes para a Ascenção e para o Pentecostes, logo para receberem o dom do Espírito, evocado na primeira leitura (cf. Act 10,44-48), mas que pode também ser antecipado – estando pelo menos na exegese agostiniana – na realidade do àgape, do amor de que fala o Evangelho. O Deus, que alguém jamais viu, torna-se visível nos gestos de amor.  Segundo Santo Agostinho, o amor que vem de Deus, que é amor, é o próprio Espírito, dom de Deus de quem a Escritura afirma: “O Senhor é o Espírito” (2Cor 3,17).

Esta interpretação Agostiniana ajuda-nos a compreender que o amor de que João fala é uma realidade Teologal que tem origem em Deus e d'Ele desce suscitando uma dinâmica relacional em que cada criatura humana é confrontada com a própria capacidade de se deixar amar e de se tornar sujeito do amor: “Como o Pai me amou, assim também Eu vos amei. Permanecei no meu amor” (Jo 15,9). Para nós cristãos, ansiosos por protagonismos caritativos, o Evangelho recorda que antes da caridade da Igreja e na Igreja está a igreja na caridade. A Igreja vive da caridade e na caridade de Deus manifestada em Cristo e posta no coração dos crentes pelo Espírito Santo que lhes é dado. Também a Igreja e não apenas o simples crente, é chamada a permanecer no amor de Cristo. Não é a Igreja que faz a caridade mas a caridade de Deus que fundamenta e edifica a Igreja.


 

Igreja em que o crente é chamado a ser amante do Senhor e capaz do amor fraterno. Igreja que não é composta apenas por servos que têm um dever mas por amigos do Senhor que vivem uma relação. “Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu Senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai;"(Jo 15,15). O servo não sabe e não compreende o que o obrigam a fazer e porquê, portanto não permanece (Jo 8,35: “O servo não permanece para sempre na casa do seu Senhor”), não preservera: a vida cristã é possível de viver apenas como aventura de liberdade. E aquele que permanece, no quarto Evangelho, é o discípulo amado, o discípulo que conheceu o amor e permanece nele (cf. Jo 21,23). A amizade leva a amar o outro como a si mesmo e a não compreender porque é que se deveria preferir o próprio e a sua vida ao outro e à sua vida. “Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos” (Jo 15,13). Eis portanto os crentes: os amigos e não os servos de um Senhor.  A diferença entre ser servo e ser amigo está na revelação, na confiança de quem diz a palavra e a põe em prática, de quem faz o outro participar do segredo. A comunicação da revelação torna-se uma verdadeira iniciação.

É no contexto desta relação que se compreende a relação entre obediência e amor. Observar os mandamentos do Senhor significa permanecer no seu amor (cf. Jo 15,10), assim como o amor recíproco é o mandamento que o Senhor dá aos seus (cf. Jo 15,17). Nós fazemos a experiência do seu amor, escutando-O, interiorizando-O, pondo em prática a sua palavra e tornando-a relação e acontecimento, tornando-a corpórea. Obedecer, portanto, à palavra d'Aquele que nos ama e que nós amamos é experiência de alegria: quem ama é feliz por fazer a vontade de quem ama:“Isto mesmo vos disse para que a  minha felicidade esteja em vós e a vossa felicidade seja plena". O amor é mandamento porque vem de um Outro e não de nós e porque só um amor feito mandamento consegue amar o inimigo. O amor é mandamento, mas sendo mandamento de Jesus que o viveu até ao fim, ele é também narrado, oferecido e feito dom a quem o acolhe.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero 

IV Domingo de Páscoa


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29 Abril 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
Escutar e conhecer o Senhor são iniciativas pessoais que introduzem à vida espiritual e orientam para uma unidade interior

Domingo 29 Abril 2012

Ano B

Act 4,8-12; Sal 117; 1Jo 3,1-2; Jo 10,11-18

O quarto domingo de Páscoa, domingo do Bom Pastor, tem o seu fulcro no Evangelho que, com a imagem de Jesus pastor, apresenta uma síntese do acontecimento Pascal, ponto culminante da história da salvação. No seu ministério Jesus foi pastor de um "pequeno rebanho" (Lc 12,32) expondo a sua vida até a dar por amor aos seus (cf. Jo 10,11-15: referência à morte de Cristo); a sua morte e ressurreição prolonga e estende o seu ministério de pastor, que cria comunhão e unidade, a nível universal (Jo 10,16-18: referência à ressurreição). E por força do acontecimento Pascal Ele é o "Bom Pastor", isto é, o pastor que dá a salvação, o único a quem cabe este título que, no Antigo Testamento, designa Deus em relação com o povo de Israel, no seu conjunto (Sal 80: “Tu, pastor de Israel”) e com cada filho de Israel, individualmente (Sal 23: “O Senhor é eu pastor”). A primeira leitura tirada, como sempre no tempo Pascal, (segundo a antiga tradição litúrgica) dos Actos dos Apóstolos, apresenta o anúncio da Ressurreição de Cristo no discurso de Pedro ao Sinédrio: as energias da ressurreição sopram na Igreja e, graças à fé, o nome do Senhor cura os doentes. A segunda leitura apresenta o cristão como filho de Deus regenerado pelo dom de amor do Pai.

O paradoxo cristão surge da revelação de Jesus como "Bom pastor", isto é, como único e autêntico pastor: Ele “dá a vida pelas ovelhas”, isto é, arrisca a vida, expõe-na aos perigos dos ladrões e dos animais ferozes, para salvar as suas ovelhas. E dá mesmo a vida, ao morrer pelos seus. Ele não é um mercenário, um assalariado, mas o pastor, ligado às ovelhas por laços pessoais e de amor. Não há nada de funcional na qualidade de pastor que Cristo vive: Ele está ligado ao Pai pela obediência e pelo amor (“O Pai conhece-me e Eu conheço o Pai”) e vive vinculado pelo conhecimento, amor e pertença com as ovelhas: “Conheço as minhas (ovelhas) e elas (ovelhas) conhecem-me”. Tudo se joga no plano da relação, não do papel nem da função, mas sobre o plano do amor e não do dever: “Ninguém tem um amor maior do que este: dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13).


 

A revelação do pastor torna-se também revelação da qualidade das ovelhas, ou, metáforas à parte, do crente que segue o pastor Jesus Cristo. O crente é aquele que conhece o Senhor e escuta a sua voz (vv. 14.16). Escutar e conhecer o Senhor são iniciativas pessoais que introduzem à vida espiritual e orientam para uma unidade interior. Mas são também ações eclesiais que permitem que o Senhor governar a sua comunidade e conduzi-la à unidade: “Tornar-se-ão um só rebanho e um só pastor”. O texto antevê um povo composto por pessoas, não apenas oriundas de Israel, mas também por gentios (“tenho outras ovelhas que não são deste redil"), que será fruto da Páscoa (“E eu quando for erguido da terra, atrairei todos a mim”: Jo 12,32) e que se realizará no eschaton (“o cordeiro os apascentará”: Ap 7,17). João apresenta Jesus como o pastor universal: só este título O justifica. É Jesus Cristo o “Pastor da Igreja universal dispersa por toda a terra”, como diz o Martirio di Policarpo (XIX,2). João fala da unicidade do pastor, que é Cristo, não do redil, como entende erradamente a tradução latina de Jerónimo (et fiet unum ovile) suscitando interpretações que viam nela uma referência à cadeira Petrina: “João não teria mais dito que Pedro era o único pastor!” (Ignace de la Potterie).

O vínculo entre Cristo “bom pastor” e a ressurreição emerge também da antiga arte funerária cristã que representa Cristo com uma ovelha às costas já nas antigas catacumbas e nas zonas de sepulturas: Ele é o pastor que conduz o homem, através da morte, à vida eterna, em Deus.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as celebrações eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero e

Ascenção do Senhor


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domingo 20 maio 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
A fé no Jesus ressuscitado que sobe aos céus é o campo de ação da graça e da manifestação da sua força e da sua fecundidade. A Igreja evangelizadora é afinal, e simplesmente, uma Igreja crente.

domingo 20 maio 2012

Ano B
Act 1,1-11; Sal 46; Ef 4,1-13; Mc 16,15-20

As leituras que anunciam o mistério da Ascenção do Senhor têm, antes de mais, uma valência cristológica: à direita de Deus Pai está sentado o Cristo ressuscitado (cf. Mc 16,19) que cumpriu, na obediência, a missão para a qual o Pai o tinha enviado: “Saí do Pai  e vim ao mundo ; agora deixo o mundo e vou para o Pai" (Jo 16,28). Mas apresenta também uma valência escatológica: o Cristo que subiu aos céus é Aquele que virá no fim dos tempos (cf. Act 1,11). E, por fim, uma valência eclesiológica: a Ascenção não pede aos cristãos uma fuga do mundo, nem uma contemplação dos céus (cf. Act 1,9-11), mas remete-os para a sua responsabilidade histórica. Responsabilidade que tem o nome de testemunho (I leitura), de unidade da comunidade eclesial (II leitura), de missão e pregação (evangelho).

Na Ascenção, em que à direita do Pai se senta um corpo humano, o corpo de Jesus , o crente contempla, antevê o seu destino e o de toda a humanidade. Com a Ascenção, de facto, o Filho leva para a vida trinitária a carne humana por Ele assumida e redimida.

“Então, o Senhor Jesus, depois de lhes ter falado, foi arrebatado ao céu e sentou-se à direita de Deus." (Mc 16,19). Cristo ascende ao céu depois de ter deixado uma palavra aos discípulos. Esta palavra é de anúncio e de testemunho: a missão e a pregação da Igreja preenchem o "vazio" da ausência (física) de Jesus. “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16,15). Compete à Igreja tornar visível o rosto de Cristo no tempo em que a Ascenção Lhe retirou a presença física, no tempo entre a Páscoa e a parusia. Compete à Igreja torná-Lo presente entre os homens. “A sorte de Deus é-nos confiada na medida em que, portadores de Deus neste mundo, é do nosso comportamento que dependerá o conhecimento e a imagem que os homens terão de Deus. Deus, mesmo, poderá ser bom, justo e salvador de um homem se, em determinado momento e circunstância, eu for bom e justo para com esse homem exercendo assim, na sua vida, a força da salvação de Cristo que me é conferida por Deus. Como diziam os Padres da Igreja, nós somos as mãos e os braços de Deus” (Adolphe Gesché).


 

O modelo da missão e da pregação é o próprio Jesus que iniciou o seu ministério pregando o Reino de Deus e pedindo a conversão e fé no Evangelho (cf. Mc 1,14-15). O ressuscitado precede os discípulos (cf. Mc 16,7) e a missão não é mais do que seguir Cristo. O "ide" a que os discípulos são convidados é, tão só, segui-Lo. Apenas assim a missão pode ser sacramento da presença do Senhor entre os homens, como era a missão dos onze, em que o Senhor estava activo e presente “Eles, partindo, foram pregar por toda a parte; o Senhor cooperava com eles, confirmando a Palavra com os sinais que a acompanhavam" (Mc 16,20). Afirmando que o Senhor coopera com os onze na sua missão e confirma a palavra do seu anúncio, a Igreja primitiva exprime a sua fé no ressuscitado - sujeito da missão da Igreja. E como a missão se realiza com a Palavra e com as ações, a ação que confirma a Palavra, explica-se por "sinais" (Mc 16,20).

E se a missão da Igreja tende a suscitar a adesão teologal, acreditar no Senhor acontece graças à fé. Os enviados, os missionários, os pregadores são os primeiros chamados à fé. No texto do Evangelho fala-se da cooperação do Senhor na missão eclesial em termos análogos aos que encontramos em Act 14,3: “Apesar disso, Paulo e Barnabé demoraram-se por lá bastante tempo, absolutamente confiados no Senhor, que dava testemunho à palavra da sua graça, concedendo que se fizessem milagres e prodígios pelas mãos deles". A fé no Jesus ressuscitado que sobe aos céus é o campo de ação da graça e da manifestação da sua força e da sua fecundidade. A Igreja evangelizadora é afinal, e simplesmente, uma Igreja crente.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero a

V Domingo de Páscoa


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6 maio 2012
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
Para nós, que muitas vezes pensamos já ser discípulos, já ser cristãos, o Evangelho recorda que a vida cristã é um caminho        

domingo 6 maio 2012

Ano B
Act 9,26-31; Sal 21; 1Jo 3,18-24; Jo 15,1-8

O V, VI e VII domingo de Páscoa apresentam um trecho evangélico extraído do chamado "discurso do Adeus" de Jesus no quarto evangelho (Jo 13-17). Neste domingo as leituras mostram aspectos distintos da vida espiritual e eclesial que brotam do acontecimento Pascal. O Evangelho sublinha a comunhão que o crente vive com o Senhor e como se pode preservar essa comunhão; a segunda leitura vai ao fundo da dimensão interior da relação com o Senhor: interioridade evocada pela palavra "coração" e pela experiência da morada de Deus no crente e a permanência simultânea deste em Deus. O texto da primeira Carta de João propõe obediência aos mandamentos do Senhor, sobretudo ao mandamento novo do amor recíproco, como elemento fundador e estruturante da comunidade cristã. Viver o amor recíproco significa mostrar de forma visivel a fé no ressuscitado. Por fim, o trecho dos Actos (1ª leitura) mostra a força do ressuscitado a trabalhar em Paulo que de persseguidor se torna em anunciador, zelozo e franco, do Evangelho.

A autorevelação de Jesus "Eu sou a verdadeira videira" situa-O quer em relação com o Pai (o vinhateiro) quer em relação com os discípulos (os ramos). Como é essencial aos ramos permanecerem na videira para dar fruto, assim é essencial ao discípulo permanecer em Cristo para dar fruto. O que significa permanecer em Cristo? Para João "permanecer" (verbo ménein) não é adequar-se ao status em que nos encontramos, mas indica um acontecimento dinâmico, designa a maturidade da relação de fé e de amor do crente com o seu Senhor. Segui-Lo significa interiorizá-Lo e permanecer no amor de Cristo. O amor não é uma experiência de um momento mas sim relação, história, quando se permanece n'Ele. Guardar a experiência pessoal de amor é essencial para desenvolver a capacidade de amar de forma adulta e madura.


 

Permanecer no amor torna-se fundamento do permanecer e preserverar na fé. Mais: o permanecer em (em Cristo, no seu amor, na sua palavra) é fundamental para o permanecer com (com os irmãos na vida comum, na Igreja). A experiência de fé, como permanecer, é experiência de interioridade e profundidade espiritual e é experiência de perseverança e de comunhão. Mas a comunhão eclesial tem uma sólida e imprescindível âncora na comunhão pessoal e interior com o Senhor. Sem esta, a vida eclesial é hipócrita. Sem um espaço de vida interior e de comunhão pessoal com o Senhor o "Eu" não consegue dizer "Nós" de forma livre, convicta e plena de amor e arrisca-se a vergar o "Nós" ao "Eu" e de viver as relações com os outros medindo forças.

“Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer". Analogamente Jesus declara: “o Filho, por si mesmo, não pode fazer nada, senão o que vir fazer ao Pai" (Jo 5, 19) e: "Por mim mesmo, Eu não posso fazer nada" (Jo 5, 30). Jesus é inteiramente definido pela sua relação com o Pai: Ele revela o Pai porque se despoja de si, porque não faz nada por si próprio. Ora, o que os discípulos, e logo os crentes, têm em comum com Jesus é este "nada", este "nada" de próprio no qual está a sua liberdade e a sua força. Para dar fruto o ramo deve ser podado e o crente, para dar fruto em abundância, deve conhecer um despojamento, uma purificação, uma morte de si mesmo, por amor, em nome do amor. Com efeito, só uma fé que que se configura como relação de amor se torna possível de viver com preserverança!

O “dar muito fruto” é explicado por Jesus com a frase “e vos comporteis como meus discípulos" (Jo 15,8). Para nós, que muitas vezes pensamos já ser discípulos, já ser cristãos, o Evangelho recorda que a vida cristã é um caminho em que se aprende a ser discípulo, a ser cristão. Inácio de Antioquia, no fim de uma longa vida de santidade, enquanto era conduzido ao martírio disse: “Agora, começo a ser discípulo” (Ai Romani V,3).

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero a l

III Domingo de Páscoa


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22 Abril 2012
Reflexões sobre as leituras 
de
LUCIANO MANICARDI
O paradoxo do Deus crucificado transforma-se no paradoxo do crucifixo em Deus, do ressuscitado que tem um corpo ferido e marcado pelo mal que sofreu

domingo 22 Abril 2012 
Ano B
Act 3,13-15.17-19; Sal 4; 1Jo 2,1-5a; Lc 24,35-48

A aparição do ressuscitado aos seus discípulos (Evangelho) é o acontecimento central que caracteriza o terceiro Domingo da Páscoa, Domingo em que o anúncio Pascal ressoa ainda nas palavras de Pedro nos Actos (1ª leitura). A segunda leitura prossegue a lectio descontínua da Primeira Carta de João que caracteriza o Domingo de Páscoa no Ano B e que apresenta o Ressuscitado como Aquele que obtém a remissão dos pecados para o mundo inteiro.

O Evangelho mostra o Ressuscitado "no meio" dos seus e a fazer reinar a paz entre eles (Lc 24,36). Cristo está no meio dos seus "como Aquele que serve" (Lc 22,27) e o serviço que o Ressuscitado presta à sua comunidade é a paz. A experiência da presença do Ressuscitado na comunidade é de paz e de comunhão, realidades que, no espaço cristão, não são psíquicas, afectivas ou fruto de compromissos, mas teologais, ligadas à fé.

O grupo dos onze e dos outros que estavam com eles (cf. Lc 24,33), como acontece em cada comunidade cristã, congrega confissões de fé (v. 34) e de dúvida (v. 38), alegria e incredulidade (v. 41). Não basta que Jesus seja visto, escutado, tocado e que coma diante deles para que os discípulos tenham fé. É necessária ainda a abertura da sua mente à inteligência das Escrituras. Sem as Escrituras, não acontece a fé Pascal. Não é suficiente tocar no corpo do Ressuscitado: Cristo deve ser encontrado no corpo das Escrituras para que nasça a fé Pascal que o denuncia como Aquele que realiza o desenho de salvação do Pai. Escreve Ugo di San Vittore: “A Palavra de Deus revestida de carne humana apareceu uma só vez de forma visível e agora, esta mesma Palavra, vem até nós escondida nas páginas das Escrituras e na voz humana que a proclama”.


 

Se as Escrituras se resumem ao mistério Pascal e se tal mistério é o cumprimento das Escrituras, então, na verdade, também a missão e a pregação da Igreja radicam no testemunho das Escrituras, no Novo Testamento: “Assim está escrito que o Messias havia de sofrer e ressuscitar de entre os mortos, ao terceiro dia; que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém." (Lc 24,46-47). Fundada sobre o acontecimento Pascal, a Igreja encontra nas Escrituras, no Antigo Testamento, o testemunho e a profecia daquele acontecimento e também da sua essência. “Disto vós sois testemunhas”: disto e não de qualquer outra coisa, poderíamos acrescentar. Mas ser testemunha do Ressuscitado significa também ser testemunha das Escrituras. A palavra mártys (testemunha) tem como raíz uma palavra que significa “pensar”, “recordar-se”, “estar preocupado”. A testemunha é, antes de mais, aquele que medita e recorda as Escrituras que falam de Cristo (“as coisas escritas sobre mim na lei…”). É daí que nasce a missão, conotada com o pedido de conversão, com o anúncio da misericórdia de Deus e da remissão dos pecados (cf. Lc 24,47).

O Ressuscitado mostra aos seus discípulos as mãos e os pés, os membros perfurados, a carne humana ferida. A encarnação proporcionou a Deus a experiência do sofrimento, do padecer e morrer. E agora o Ressuscitado é encontrado na carne dos que sofrem, tocado nos corpos das vítimas do mal. Cristo não é um espírito ou um fantasma (v. 37) e o cristianismo não é uma alienação ou um espiritualismo quando leva a sério a dor do mundo, quando confessa o Ressuscitado enquanto cura o necessitado, quando discerne o Ressuscitado enquanto toca a carne ferida do homem. “Tocai-me”, disse Jesus, e este tocar a carne humana ferida para confessar o Ressuscitado, este encontro do mistério do Ressuscitado com o enigma do mal, torna a fé uma procura humilde, às apalpadelas, exactamente como a procura dos pagãos, dos não crentes que procuram Deus “mesmo tacteando” (Act 17,27). O paradoxo do Deus crucificado transforma-se no paradoxo do crucifixo em Deus, do ressuscitado que tem um corpo ferido e marcado pelo mal que sofreu. Corpo que pode ser encontrado nos corpos de quem sofre no meio de nós. É o são materialismo cristão.

LUCIANO MANICARDI

Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
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