XXII domingo do Tempo Comum
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Humildade é também a sabedoria de quem tem uma consciência justa de si próprio, de quem não ambiciona demasiado, de quem tem os pés na terra e não se desvia
1 setembro 2013
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Ano C
Sir 3,17-18.20.28-29; Sal 67; Heb 12,18-19.22-24a; Lc 14,1.7-14
As leituras deste domingo contêm uma mensagem sobre a humildade: humildade que é uma atitude humana que muito agrada a Deus e que torna amável aquele que a vive (I leitura); humildade que é também um comportamento que reproduz as opções e a forma de vida de Jesus Cristo (Evangelho).
Com efeito, o texto evangélico fala, antes de mais, de Jesus Cristo. Fala de uma porta cristológica: Cristo é Aquele que sendo Deus se reduziu à condição humana, fez-se escravo até partilhar a condição mortal do homem, ou melhor, até morrer com a morte de cruz. Jesus é Aquele que escolheu o último lugar, aquele que ninguém jamais poderá tirar. E é Ele que, humilhando-se foi exaltado pelo Pai (cf. Fil 2,5-11). Foi Jesus quem, na sua vida, concedeu privilégios aos pobres e pequenos, aos doentes e fracos, aos aleijados, aos coxos e cegos, falando do amor e da proximidade de Deus a todos os que eram marginalizados por outros. Foi Jesus quem viveu a unilateralidade do amor, amando sem esperar correspondência, sem esperar reciprocidade.
O texto põe em questão o protagonismo e o exibicionismo de quem procura os primeiros lugares nas festas, arriscando ter de ser mandado para o último lugar caso chegue um hóspede mais distinto. Obviamente a humildade não se coloca apenas para quem gosta de se mostrar, para os que "gostam de ocupar o primeiro lugar nos banquetes e os primeiros assentos nas Sinagogas" (Mt 23,6), para quem usa a igreja e o religioso para se exibir, para se mostrar, mas também para o comportamento falso de quem se coloca atrás, no último lugar, com a esperança de ser notado para avançar. Humildade é estar no lugar que o Senhor designou. Humildade é ser fiel à tarefa que nos foi confiada e ao lugar em que fomos colocados.
Humildade é também a sabedoria de quem tem uma consciência justa de si próprio, de quem não ambiciona demasiado, de quem tem os pés na terra e não se desvia nem para um lado nem para o outro. Escreve Paulo: “Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e lhe é agradável e perfeito” (Rm 12,3).
Falando de uma receção, de um banquete, Jesus consegue falar do surpreendente agir de Deus: no banquete do Reino são os pobres que têm um lugar privilegiado, os últimos são os primeiros (cf. Lc 14,11). Para nós, homens, não há coisa mais sensata e normal do que convidar os nossos amigos para jantar, aqueles a que estamos mais ligados pela amizade e pelo amor, aqueles que já nos convidaram e nos convidarão de novo. Mas, Jesus fala de uma lógica "estranha", "louca", "inusual" de Deus e do Reino. O discurso de Jesus é motivado por uma "lógica ilógica", se considerarmos como padrão o nosso bom senso: aquela reciprocidade que procuramos, Jesus diz ser estranha ao agir de Deus. E revela que, para o homem, esta lógica torna-se fonte de bem-aventuranças: “E serás feliz por eles não terem com que te retribuir” (Lc 14,14). As bem-aventuranças consistem, de facto, em participar do destino de Jesus, que amou unilateralmente os homens no seu pecado e na sua hostilidade (cf. Rm 5,6 ss.), que se inclinou diante de Judas que tinha em mente trai-lo para lhe lavar os pés (cf. Jo 13,1-30), que não procurou recompensas terrenas e não teve a pretensão de ser amado em troca do seu amor. Jesus disse: "que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 15,12) e não disse: “Como Eu vos amei, assim me devem amar".
A bem-aventurança inscrita neste amor é a total gratuidade, a alegria de amar sem recompensa, consciente que o amor basta ao amor, que amar é a recompensa para quem ama. É a bem-aventurança de quem não tem medo de perder qualquer coisa amando; é a bem-aventurança de quem espera como única recompensa a comunhão escatológica com Deus no Reino (cf. Lc 14,14b); é a bem-aventurança de quem encontra no dom a alegria; é a bem-aventurança de quem não age à espera de recompensa, mas dá-se inteiramente no que vive e cumpre.
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