XXIV domingo do Tempo Comum


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Desta parábola exala a força da eternidade do Pai. Ele aparece passivo: não adverte o filho mais novo dos perigos da sua decisão de deixar a casa, nem lhe ralha quando volta; não lhe pede penitência, remissão ou mesmo um "ajuste de contas" antes de ser readmitido em casa. E é este amor incondicional, que evita comportamentos punitivo, o caminho aberto ao jovem para fazer a experiência do perdão. O pai não força o filho mais velho e entrar, mas vai ao seu encontro, pede-lhe, não o censura, mas permanece na doçura do seu amor e é esta sua atitude que leva o filho a exprimir aquilo que sente. O pai não faz nada e acolhe serenamente a expressão de ódio e ressentimento pelo outro irmão, recordando-lhe apenas que também ele é seu filho e que aquele que voltou é seu irmão (cf. Lc 15,32). Este comportamento exprime a confiança que ele concede ao seu filho, matriz em que ele poderá renascer como filho, assim como o mais novo encontrou no abraço do pai a confirmação da sua regeneração como filho.            

A reconciliação pode acontecer devido a esta fraqueza: foi isto que aconteceu na cruz de Cristo. A reconciliação vinda de Cristo nasce do gesto de humilhação, de kenosi divina que teve o seu ápice na cruz. O escândalo da revelação cristã afirma que é a impotência alcançada por Deus na cruz do filho que concretiza a reconciliação (cf. Rm 5,8-11).           

A estrada percorrida pelo filho mais novo vai da pretensão à impossibilidade: do “Dá-me!” (Lc 15,12) imposto ao pai, ao “ninguém lhas dava” (Lc 15,16) referindo-se às alfarrobas que os porcos comiam. O filho mais velho é, por sua vez, todo ele ressentimento e cólera:Nunca me deste” (Lc 15,29). Ambos, filho rebelde e filho servo, não descobriram que o maior dom é a relação filial. 

A casa, sinal de comunhão, que deveria unir os dois filhos, torna-se lugar de onde um foge e o outro não quer entrar.  A herança, em vez de unir, divide os irmãos e a festa de um é recusada pelo outro. Só uma prática de amor incondicional, como a do Pai, pode fazer da igreja um lugar de reconciliação, de fraternidade, de transmissão de amor e de partilha da alegria. Só este amor faz da igreja lugar de perdão e de festa.

 LUCIANO MANICARDI

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