XV domingo do tempo comum
E estas orientações (que dizem respeito à missão no seio de Israel) eram realmente exequíveis, de modo que a pobreza e a precariedade dos enviados não pode ser contornada com interpretações simbólicas. Jesus assume a missão cristã com radicalismo evangélico. A pobreza dos missionários sublinha o facto de que a missão tem sentido não para "conquistar almas" mas em ser sinal do Deus que vem e em ter como protagonista e sujeito, o próprio Ressuscitado. Não sendo lei aplicável em toda o lado ou modelo para copiar, as orientações missionárias falam de uma exigência perene da missão da Igreja: cada época deverá reformular as formas de pobreza da missão.
Nesta pobreza inclui-se o facto de Jesus não proibir o necessário, tudo aquilo que possa tornar a missão mais eficiente, rápida ou produtiva, mas o supérfulo: providencia até o alimento no alforge, o dinheiro na carteira para emergências ou necessidades que surjam. Jesus proíbe que tenham duas túnicas, ou seja que tenham uma veste de reserva para vestir amanhã, proíbe o pão, o alimento por excelência. Decididamente, o ponto de vista de Jesus não é o da eficácia operativa!
O envio em missão cria testemunhas: os enviados devem cumprir, eles próprios, as exigências do Evangelho. A sua presença deverá ser anúncio e transparência d'Aquele que os enviou. A missão não deverá ser nunca "contra", mesmo quando os enviados não forem escutados e acolhidos (Mc 6,11): pedir a conversão e fazer regredir o mal fazendo o bem, deve ser o seu objectivo (Mc 6,12-13). Logo: proclamar as exigências do Evangelho e testemunhar a graça. Não deverão fazer reivindicações, nem birras, mas aceitar a hospitalidade que lhes for oferecida (Mc 6,10). O enviado do Senhor não é tanto aquele que diz palavras inspiradas, mas aquele que tem "os modos do Senhor" (Didaché XI,8).
LUCIANO MANICARDI
Comunidade de Bose
Eucaristia e Parola
Textos para as Celebrações Eucarísticas - Ano B
© 2010 Vita e Pensiero
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