XXVIII domingo do Tempo Comum
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
Diante do dom de Deus, não há nada mais a fazer do que agradecer, tornarmo-nos eucarísticos (cf. Col 3,15), vivermos em ação de graças.
2Re 5,14-17; Sal 97; 2Tm 2,8-13; Lc 17,11-19
A primeira leitura apresenta a cura de Naaman, leproso estrangeiro, pelo profeta Eliseu e o Evangelho narra a cura, por Jesus, de dez leprosos dos quais apenas um, estrangeiro (samaritano) agradece. O tema da ação de graças, da capacidade eucarística, liga as duas leituras. Naaman, que queria pagar a Eliseu a sua cura, mas é por ele impedido, obtem um pedaço de terra de Israel para poder venerar o Senhor, Deus de Israel. A gratidão aparece assim na sua dimensão teologal. O profeta desaparece diante do Senhor, verdadeiro autor da graça, e Naaman remete a Deus o seu agradecimento. Também o Evangelho apresenta a dimensão eucarística da fé: o agradecimento do samaritano a Jesus (cf. Lc 17,16) exprime a sua fé (cf. Lc 17,19).
O texto de 2Re mostra a dificuldade, sobretudo para um homem importante, rico e poderoso como Naaman, de reconhecer-se devedor: cobrir de dinheiro e bens quem o beneficiou significaria “pagar”, tornar o outro grato e assim não perder a grandeza e a própria imagem de homem que "não deve nada a ninguém". A gratidão é difícil e exige deixar morrer um certo narcisismo para integrar as fileiras daqueles que sabem que são perdoados.