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XXVI domingo do Tempo Comum

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Miniatura, Illustrator of Petrus Comestor’s - Francia, 1372
O homem rico no meio dos tormentos pede a abraão que envie Lázaro
29 setembro 2013
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI
Escuta da Palavra de Deus contida nas Escrituras e acolhimento do Senhor que nos visita através dos mais pobres, são as ações para pôr em prática, aqui e agora, hoje, sobre a terra.

29 setembro 2013
Reflexões sobre as leituras
de
LUCIANO MANICARDI

Ano C

Am 6,1a.4-7; Sal 145; 1Tm 6,11-16; Lc 16,19-31

A injustiça ilustrada por um estilo de vida preocupado apenas com o bem-estar pessoal e insensível ao sofrimento e às necessidades dos pobres: é esta a denúncia do profeta Amós e o fundo da página evangélica. Dos textos nasce a pergunta: quem é o outro para mim? E entre os outros quem é o pobre, o último, o pária? Que responsabilidade assumo quando colocado diante deles, dos que necessitam que, com toda a sua miséria, são um grito que me pede ajuda e que me interpela? Mas os textos falam, também, do juízo que atingirá quem, vivendo no luxo e na ostentação da sua  riqueza, esquece inconsciente a humanidade do irmão pobre, entorpecendo também a própria humanidade. Juízo histórico em Amós (“irão deportados à frente dos cativos”: Am 6,7), juízo escatológico em Lucas (o rico encontrou-se "Na morada dos mortos, achando-se em tormentos": Lc 16,23), afirmando sempre que Deus não é indiferente ao mal e à injustiça mas que deles se vinga.

Se o nome do pobre mendicante é Lázaro (que significa “Deus ajuda”), o nome do rico não é mencionado; pelo contrário, é esvaziado da sua própria "riqueza", do seu significado: ele é simplesmente o “rico” (vv. 19.22). A vertigem a que pode levar a posse de bens arrisca a desprovir o rico de si próprio, esquecido do essencial, seduzido pelo muito das coisas que possui e que o iludem de escapar à morte. Fazer "todos os dias esplêndidos banquetes" significa fugir à sequência dos dias, à economia da sucessão semanal– fazer festa também aos dias úteis, entrar num excesso que está para além dos limites do quotidiano. O muito do rico impede-o de ver o muito pouco de Lázaro que, da violência da vida e da indiferença dos homens "jaz" à entrada de sua casa: sinal de uma contiguidade entre pobres à mesa dos ricos de que, todavia, são sadicamente e conscientemente excluídos, tanto na parábola de Lucas como na atualidade. A página Evangélica alerta-nos para um risco grave: que a presença dos pobres se torne habitual e não suscite mais escândalo ou indignação.  

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