XIX domingo do Tempo Comum
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Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
A vigilância é uma relação equilibrada consigo próprio, com o corpo, com as coisas, com os outros, com Deus. Aquele que descuida e esquece a relação com o Senhor
11 agosto 2013
Ano C
Sab 18,3.6-9; Sal 32; Heb 11,1-2.8-19; Lc 12,32-48
Na noite do êxodo do Egipto, os filhos de Israel tiveram a guiá-los uma luz vinda do alto, de Deus; como pequeno rebanho, eles preparam-se para a passagem do Senhor por entre eles, esperando-O como a salvação (I leitura). O pequeno rebanho dos discípulos de Jesus é chamado a estar desperto e disponível, “apertados os vossos cintos e acesas as vossas lâmpadas” (Lc 12,35; cf. Es 12,11) para cumprir a viagem noturna, o novo êxodo, para a salvação (Evangelho). À preparação daqueles que aguardam a passagem do Senhor (I leitura) corresponde a espera com zelo daqueles que, despertos, estão prontos a acolher o noivo que regressa das bodas, ou seja os discípulos que têm acesa a lâmpada da espera do Senhor crendo, apesar de tudo, na promessa da sua vinda (Evangelho).
Crer na vinda do Senhor significa aceitar ver o invisível (cf. Heb 11,27), aceitar que o invisível e o incredível são mais verdadeiros que o constatável e o óbvio. Assim como os filhos de Israel não souberam aguentar a ausência de Moisés no alto do Monte Sinai e fizeram o bezerro de ouro (cf. Es 32,1), assim os cristãos, podem não suportar a invisibilidade de Deus, a sua "ausência"; podem não tolerar a não-vinda do Messias e tornar-se idolatras, absolutizando as coisas e acabando na desordem, na agressividade e nos excessos (cf. Lc 12,45).
O êxodo para o qual se prepararam os crentes com a cintura apertada e as lâmpadas acesas é uma viagem mais em profundidade que em extensão, uma viagem que, na realidade, os prepara para receber Aquele que vem. Espera-se o que se ama e como afirma Jesus "onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Lc 12,34). Aquele que ama procura ver e ter prazer na contemplação do “tu” amado: “ubi amor, ibi oculus” escreve Riccardo di san Vittore. O amado assimila para si aquele que ama: nós transformamo-nos naquilo que amamos. Faz notar Agostinho: “Amas a terra? Terra serás. Amas Deus? Deus serás”. Como o ídolo tem o poder de assimilar até ao vazio aquele que o venera, assim Deus que é amor, assimila para si o crente tornando-o capaz de amor.
A vigilância é uma relação equilibrada consigo próprio, com o corpo, com as coisas, com os outros, com Deus. Aquele que descuida e esquece a relação com o Senhor, distorce necessariamente a relação com os outros, começando a ser violento, a comer e a beber embriagando-se, perverte a relação consigo próprio, com o seu corpo e com as coisas externas.
O Senhor proclama beato o servo que, à Sua vinda, for encontrado ao serviço. Ou seja, aquele servo que encontra a sua alegria e repouso no servir, em servir o Senhor e em servir os irmãos. Quem ama, ama servir as pessoas amadas.
Jesus chama aos seus discípulos "pequeno rebanho". "Pequeno" não tem aqui um significado numérico, quantitativo. Que número separa o pequeno do não-pequeno? Jesus recorda que, onde estão dois ou mais reunidos em seu nome, Ele está no meio deles (cf. Mt 18,20). O pequeno aqui refere-se à pouca importância que aquele grupo de homens tinha aos olhos das autoridades religiosas e dos homens em geral. Mas é também e, sobretudo, um estar atento contra a tentação de nos fazermos grandes e importantes, de sermos admirados e considerados. De facto, grande, a este propósito, é a lição da pequena Teresa di Lisieux: “A santidade não reside nesta ou naquela prática de piedade, mas numa disposição do coração que nos torna humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes das nossas fraquezas e fiéis à sua bondade de Pai. O que agrada a Deus na minha alma é o ver-me amar a minha pequenez e a minha pobreza, é a esperança cega que tenho na sua misericórdia. Não temer: quanto mais pobre fores mais Jesus te amará”.
Os servos fiéis que o Senhor, na sua vinda, encontrar vigilantes verão o Senhor fazer-se seu servo (cf. Lc 12,37) no banquete escatológico. O derrubar dos papéis significa aquilo que Jesus sempre fez na sua vida: fazer-se servo dos seus servos.
Reflexões sobre as leituras
de LUCIANO MANICARDI
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